O Poeta

Minh’alma é leve como o fogo
Que a consome de prazer,
Que vejo a chama, o brio, a luz,
A glória irmã do amanhecer,
E que ao parnaso me conduz.

Minh’alma é brava como o fogo,
Que lumina e que destrói
O mundo hostil que se lhe opõe,
Impõe a pó quem se constrói
Contrário a mim, meu brio se impõe.

Minh’alma é fraca como o fogo.
Sopro forte basta, um vento,
E a chama d’ouro, a glória passa,
Vai-se o brio num só momento,
Luz desfaz-se em vã fumaça.

O Riso

Aos poucos vi mais gente,
Cada qual consigo.
No banco as vidas velhas,
As jovens vi contente.

Um riso grande, um mundo
Imenso, riu alegre
À boca ingênua e doce
Exposta em palco imundo:

Nada além da vida,
Pobre, amarga e humana,
Nada havia em torno.

Ninguém sorriu de volta
Nem notou teu riso,
Triste infante alegre.